A cada dia fico mais surpreso com o tempo dedicado à internet pelos jovens
Vejo que jovens perdem “tempo”, aquilo que considero o bem mais importante que temos na vida com conexões em redes sociais, jogos online e os famosos grupos de WhatsApp. Na verdade, o que me incomoda é que as grandes oportunidades que essa geração tem em suas mãos, especialmente para uso no aprendizado, no estudo e no conhecimento passem despercebidas, pela falta de tempo. As oportunidades são trocadas por multifuncionalidades de um telefone em coisas que não agregam.
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De acordo com especialistas da área de medicina, o tempo diário recomendado para o uso da internet pelas crianças e jovens não deve ser superior a duas horas. Então vejo como as gerações futuras estão perdidas. Penso que neste tempo limite de duas horas por dia -, uma única hora de uso do com uso um app para aprender inglês, francês ou italiano, por exemplo -, já seria mais produtiva dos que as muitas horas usadas na conexão exaustiva em redes sociais.
Está se formando uma geração sem noção do tempo das coisas. Que confunde o “tempo real” do desenvolvimento das habilidades e da vida, com o tempo das respostas instantâneas vindas do WhatsApp. Eles vivem em um mundo onde tudo precisa acontecer imediatamente, como se qualquer escolha na vida dependesse de frutos instantâneos sem dedicação, estudo ou esforço.
Parece-me ainda que quando percebem que a “resposta” de escolhas não corresponde ao tempo ao qual gostariam que acontecesse, a solução desta dúvida deixa de ser interessante. Vejo que o “grande lance” é o imediatamente, o “aqui e agora”. Algo mágico, que não necessita de comprometimento. Afinal, o tempo não pode ser dedicado em aprendizado, mas sim, aos grupos de WhatsApp.
Ontem, depois de buscar minha filha na escola, fomos ao restaurante almoçar. Neste período ela ficou sem conexão com a internet. Ao reconectar, a sua colega estava desesperada pedindo por uma resposta imediata, pois já estava chamando a mais de uma hora, e a Manoela não dava sinal de vida.
“Manu, poderia me enviar a foto do teu tênis para eu mostrar para minha mãe? – Dizia a mensagem.”
Geração Wi-Fi
O desespero por uma resposta era para obter a foto de um tênis que deseja mostrar para mãe dela comprar. Imagino a tortura que essa mãe irá passar até que, efetivamente, compre o tênis. Na cabeça dos jovens o consumo e as conquistas precisam ocorrer instantaneamente. Um dia, ou um mês, é tempo suficiente para que a Geração Wi-FI viva uma eternidade.
A mensagem seguinte é a continuação da conversa sem resposta, da colega de Manoela:
“Manu, responde, conecta… Porque você anda sumida? A vida não é só estudar, você precisa ter tempo para suas amigas.”
A questão é que o grupo do WhatsApp dos colegas da escola é movimentado com mensagens a cada minuto desde o momento que deixam a sala de aula, pouco antes do meio-dia, até as 23h. Aí se percebe que a geração está perdida. Imagine então, por exemplo, este “tempo necessário” para o acompanhamento e a construção que uma carreira de modelos exige. Para muitos será o fim, pois o negócio é acontecer sem esforço.
Portanto, vejo que sucesso é apanágio de poucos, em meio a uma linhagem imediatista, a “Geração Wi-FI”. Uma nova espécie que não consegue administrar o requisito principal para o crescimento. Que não tem gerência sobre a organização do uso daquilo que temos de mais precioso: o tempo.
As pessoas buscam prazer momentâneo e não se dedicam à algo que exige tempo para dar prazer.